Muitas vezes perguntei a mim mesmo por que me sinto tão só? Esse sentimento me remetia a palavra abandono. Sim, me sentia abandonado por todos aqueles que me cercavam como se um vento forte os levasse para longe de mim. O sentimento de estar só tirava o norte e como viver assim?
Um dia me senti tão só que resolvi analisar a minha solidão. O ter, a posse, tornaram-se uma figura enorme e sufocantes em minha mente. Tudo que eu “tinha” não existia mais. Mais em seguida veio outra pergunta? O que eu tinha? Tinha sim, pessoas que me cercavam e agora não estavam tão perto como antes. Com isso, veio mais forte o sentimento mesclado de abandono e ingratidão. Sobrevivi com essa neura por muitos anos que foi motivada por aquele vento forte. (breve falarei sobre ele)
Mesmo sabendo o que sei da mente humana, onde tenho como trabalho minha atividade principal o “perder tudo (afeto)” quando vem dos laços de sangue, dificilmente, a mente nos primeiros momentos, conseguirá acompanhar o entendimento motivada na razão.
É muito fácil dizer que tudo vai dar certo quando digo a um terceiro, que tudo vai ficar bem e outras coisas mais. Triste realidade!
Nesse período de uma adaptação que somente eu sabia e sofria é que notei que os outros estavam muito bem, obrigado! E por que eu não?! Ora, os sentimentos deles em relação aos meus nem existiam e por que existiriam?
Um dia lendo um texto dei com uma frase que perguntava? O que preciso fazer para sair da solidão?! Eu nem soube o que responder! Apenas fiquei ruminando aquele pensamento de o que fazer?
Comecei rebobinar a minha vida, longa por sinal, revendo e relembrando aqueles momentos em que estive feliz e infeliz. Realmente eram muitos. Entendendo que minha vida, mesmo não sendo fácil, foi a vida que de uma forma de outra “escolhi” realizando todos meus pequenos e grandes sonhos possíveis.
Entendi que nunca estive só. Que em nenhum momento estive só! Que sempre tinha alguém do meu lado Mesmo não entendendo e muitas vezes não me fazendo entender sempre uma pessoa estava lá!
Rebobinando, notei que realmente tinha muitas boas lembranças! Muitas realizações! Muitas vitórias! Foi quando percebi que estava me esquecendo de alguma coisa que poderia mudar esse sentimento de solidão e desamparo! Sim, estava esquecendo de mim mesmo! Olha aonde cheguei?! Esqueci de mim mesmo! Estava esperando nos outros alguma coisa que mesmo eles nem sabiam que eu precisava, um reconhecimento. Olha o ego! Esquecera de mim esperando um reconhecimento dos outros! Mas, que reconhecimento?! Foi quando caiu a fixa! Sim, esqueci de reconhecer quem realmente eu sou e não quem eu era! Eu ainda sou! E tenho que reconhecer que sou bem melhor do que antes. Com velhos, novos e novíssimos repertórios do saber!
O melhor de tudo é que ainda estou vivo para criar e passar adiante meus velhos e novos reportórios. Aproveitei esse momento de lucidez, sim de lucidez, para colocar na balança da minha vida, de um lado os momentos bons e do outro os momentos menos bons. Imagine o que aconteceu? A balança da vida pendeu rapidamente para o lado dos bons e dos melhores momentos. Este pender da balança para o melhor lado trouxe um sentimento de gratidão pela oportunidade de viver. Sentimento que não vou conseguir expressar em palavras.
Então, o momentos não muito bons ficaram muito abaixo na importância que deixei de considerá-los.
Esse lampejo de lucidez é que me trouxe aqui para escrever este texto de poucas pretensões e dizer, que tudo pode ser mudado por nós em nossa vida, mesmo quando procurarmos por ajuda, nós mesmos é que faremos a nossa mudança.
Faça, caso não consiga, procure ajuda para te ajudar a entender, o quanto realmente você pode.
Domingos Cerávolo – MMXXII
Hipnólogo Clínico.